Tendo recentemente sido o aniversário da morte de Piotr Kropotkin e do último grande evento público anarquista na União Soviética, e homenageando aquele que muito aprofundou o conceito de Apoio Mútuo, publicamos para começar um artigo de Kropotkin, do nº21 do jornal Freedom de Junho de 1888.
Nota inicial: o seguinte texto foi adaptado de forma a ter uma linguagem mais inclusiva, onde antes dizia “homens”, substituímos por “pessoas”.
Seremos boas o suficiente?
Uma das objecções mais comuns ao Comunismo é que nem todas as pessoas são boas o suficiente para viver num estado Comunista. Não se submeteriam a um Comunismo compulsório, mas também não estão ainda preparadas para serem livres, num Comunismo Anarquista. Séculos de educação virada para o individualismo, tornaram-nos demasiado egoístas e mesquinhos. Escravatura, submissão ao mais forte e trabalho debaixo do chicote da necessidade, renderam-nos inaptos para uma sociedade em que todos seriam livres de todas estas obrigações, excepto aquelas derivadas de um ato voluntário do mesmo, e da desaprovação dos outros caso ele não cumpra esse compromisso. Assim sendo, é-nos dito que é necessário um estado intermédio, antes de se transitar para o Comunismo.